segunda-feira, 5 de novembro de 2012


A outra parte

O amor era escuro
Por anos, por toda vida, ele não veio.
Mas que surpresa!
Numa praça esverdeada
Ele chegou e se apresentou.
Veio de um ponto elevado
E desceu até a mim.
Chegou sem dizer nada
E me abraçou.
E senti o cheiro,
Senti sua presença.
Eu desconhecia sua força.
O amor é forte, é enorme, é grandioso.
O amor também é meigo, é calmo, é perto.
E de repente pegou minha mão
Que até então, era solta, seca, livre, desorientada.
Agora, ele a segura e a conduz.
E esquenta com seu calor e a umedece.
-Eu te levo.
E foi pela mão que puxou
e num corredor sem saída
me deu um beijo sem fim,
sem meio.
Parecia que já tinha um começo.
É o amor verdadeiro
E rimos e agora é calma.
É a parte que faltava desde sempre.
É minha alegria na madrugada.
-Existe, sim, alegria na madrugada.
É a voz que eu escuto ao acordar
É aquilo que parecia que só existia em livros.
Sim, é o amor.
É o amor que deseja e esquenta.
Que dá sentido e completa tanta coisa.
É o sonho mais real
Que a luz do sol no verão.
É o amor da minha vida.
Que agora sim,
Tem alegria.
Tem cor.

Balançar ou postar?

Homens
Sociedade
Relações
Interações
Evoluções
Redes...
Pessoas em uma sociedade
de relações altamente interativas.
Pessoas evoluídas.
Centram-se em redes.
Relacionam-se socialmente em redes.
Não se sabe mais se a vida é uma rede,
ou a rede é a vida.
Ainda, para mim, redes são para o descanso.
Mas essas redes tiram o sono.
Você quer ser um punho dessa rede.
-O que você está pensando?
É necessário expor?
É necessário.
Aliás, postar.
Pensamentos, às vezes, precisam ficar na sua mente.
Você precisa comentar pensamentos?
Comentam-se pensamentos em voz alta.
 Você pensa pensamentos alheios.
E ainda se acha superior.
Escreva seus pensamentos
Vazios de sentimentos.
Só para alguém ver que você pensou.
Ora, você pensa!
Você existe!
Exponha-se
Mostre-se
Revele-se
Ironize
Gargalhe
Comente
Curta
Compartilhe pensamentos altos e alheios.
Cadê os seus?
Mostre-me.
Eu ainda prefiro ironizar e gargalhar de perto,
Na cara...
Quando a rede era a que se balançava,
Era a que eu descansava.
Era uma rede que não caía, rasgava.
E eu caía, até ria.
Mas se a rede hoje caí,
Você se irrita
Porque você, nem eu, não ouviremos os
Alheios pensamentos. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012


Roseira

Eu sei que sou um Carvalho
Fecundado numa Rocha
Mas, mais do que isso
Sou uma Roseira.
Uma Roseira linda
que transborda beleza.
Uma Roseira sem espinhos
que te convida para um abraço,
um abraço inesquecível...
Minha Roseira que vive mais no presente
que no passado.
Pois minha Roseira é eterna.
É a presença do que é o amor.
É a certeza de um encontro um dia.
Nem sei se sou eu ou ela...
Sei que quem a vê no pensamento
Enche o peito de alegria saudosa.
Que Roseira feliz.
Minha Roseira foi meus primeiros seis versos.
Depois versos que nem sabia que existia.
Que existia no meu silêncio.
Minha Roseira também é lágrima
nesse momento de escrita.
E escrevo a última coisa que me disse:
- Dorme minha filha que eu estou aqui.
O que para mim é o verso mais lindo.
Repito:
- Dorme minha filha que eu estou aqui.
Sim, a senhora Roseira, linda, branca, alegre, feliz, atemporal está aqui.
No meu coração.
E em vários corações.
Uma Roseira que sempre brota no meu Carvalho.
Que sempre será minha Rocha

quinta-feira, 26 de julho de 2012


Um amor nosso

Um amor nasce
Ou ele já existia?
Um amor  no ar
Que é paciência
É uma tentativa de entender.
Como isso foi acontecer?
Está escrito?
Você viu nas estrelas?
Os anjos lhe falaram?
E meu coração se abriu!
Um amor nosso
Que de tão grande, dói.
Mas sem medo.
Você já é minha segunda mente,
que me faz conscientemente contente.
Sou amada!
E eu amo!
Eu amo porque e ponto.
Mas eu explico...
Uma sensatez rara.
Como?
Se amar nos deixa loucos?
Sim é sensato
Eu o admiro.
Você é meu caminho.
E eu a tua volta.
Nós somos o grande encontro.
Você chega e eu chego.
E o mundo desaparece.
O mundo é nosso.
O mundo é a imagem
de nossas mãos dadas.
De bocas coladas e caladas.
Porque não precisamos dizer nada.
E quando dizemos:
-Eu te amo sem medo
A mágica da certeza divina nos juntou
Somos agora o amor,
Em nosso mundo!

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Versos

E o que seria de mim sem os versos?
Mesmo eu falando tanto...
-Nossa como ela fala!
Mas minha fala não vai até onde dói.
Onde dói?
Os versos escutam as dores aqui dentro.
Nem minha mente conhece.
Parece que a mão e os olhos
ganham vida.
Eles falam de mim.
Completamente transparente.
E parecem remédios para
Tristezas, alegrias, para a vida.
Meus versos...
Que já disse que não serviam para nada...
É mentira!
Vocês são tão importantes.
São as vozes do meu silêncio.
São as falas de tantas lágrimas.
São formas de entender
ou fazer alguém entender.
O que a boca não diz,
nem tremendo.
Vocês, sem rimas,
desconhecidos, simples,
errados, tristes, alegres,
opacos, coloridos,
noturnos...
São as melhores formas de alívio, de entendimento.
Meus versos que já fizeram alguns chorar ou viajar.
Me mostram completamente
Meus versos, sou grata.
Nessas horas vocês são luzes
São tão aconchegantes,
São eu, sou eu versificada.


Sem som

Hoje eu não quero falar de jardins
Nem floridos, nem ressequidos.
Não quero falar de solidão,
de faltas, de saudades...
Muito mesmo de estradas, estrelas
falta de estribeiras, nada.
Nem de mar, cores, rimas, tempo.
Não quero falar de nada.
Quero apenas o poder do silêncio.
Silêncio interno.
Silêncio das batidas do meu coração, para te.
Quero o silêncio dessa caneta.
Quero o silencio da alma perdida, muda, nua...
O silêncio exigido ou dado.
Silêncio de olhos fechados.
Silêncio de todos os meus sentimentos
Silêncio, tristeza, alegria, saudade...
Silêncio, desejo e felicidade.
Silêncio, lembranças da infância.
Não quero ouvir nada.
Nem teus passos
Nem tua respiração perto
Nem a estridente lágrima dos meus olhos no escuro, do teu lado.
Silêncio da minha garganta dado um nó
Silêncio todos os sentimentos
barulhentos nesse corpo ensurdecedor... ao teu lado.

A ida

Vida curta
Vida dura
Vida boa
Vida a toa
Que vida boa
Vida que sangra
Vida que se esquece
Vidas que se cruzam
Vidas que se unem
Vidas que se separam
Vidas que seguem
Depois, vida?
Que vida temos nesses tempos?
Sua vida pode não ser sua.
Sua frágil vida
E quem te deu a essa vida?
Vida...
É a vida...conformidade.
E a vida? Incerteza
Ai que vida boa
Dá até para respirar ainda
antes que ela finda.
Fim da vida.
Que pode ser em vida
Morto em vida.
Até o fim.